Casos de bullying em escolas estaduais de Campinas têm alta de 23% em 2023: 'Acaba com as pessoas', diz estudante
25/05/2024
Registros passaram de 239 para 294 no período; em 2018 e 2019,antes da pandemia, casos chegaram a 62 e 66, respectivamente. Agressões deixam marcas na vida adulta, diz psicóloga. Campinas tem aumento de 23% no nº de casos de bullying em escolas estaduais em 2023
Dados da Secretaria Estadual de Educação obtidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que o número de casos de bullying registrados em escolas estaduais de Campinas (SP) cresceu 23% em 2023 na comparação com o ano anterior.
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Em 2018 e 2019, antes da pandemia, os casos registrados pela pasta chegaram a 62 e 66, respectivamente. Já em 2020 e 2021, em meio ao isolamento social, foram contabilizados 52 registros. Veja os números abaixo.
'Acaba com as pessoas', diz estudante
Negra e com deficiência, uma estudante contou à reportagem da EPTV, sob a condição de anonimato, que foi vítima de bullying na instituição de ensino médio que frequenta, ouvindo ataques racistas e capacitistas. A menina tem medo de se identificar e sofrer mais perseguição.
"É uma coisa horrível, acaba com as pessoas. Pode até levar a pessoa à morte ou ficar com problemas psicológicos. Sempre tive insegurança em tudo. Eu não consigo fazer nada sem pensar no que as pessoas vão falar, no que elas vão fazer", desabafou.
Preocupada com a situação da filha, a mãe da estudante disse ter procurado a escola diversas vezes para relatar as humilhações, mas sem sucesso.
“Só falam [sobre bullying], porque quando acontece, não tomam uma atitude. Eu acho que a atitude seria comunicar aos pais e ter alguma punição, ou ter alguma coisa, uma palestra, alguma coisa falando sobre isso, o quanto isso é errado e se fosse mais frequente, não uma vez por ano”, afirmou.
Bullying em escola
Reprodução/EPTV
Impactos psicológicos
Segundo a psicóloga Karen Novaes, o bullying deixa marcas até mesmo na vida adulta. No caso das crianças, as agressões físicas e verbais tornam as vítimas mais retraídas e distantes do convívio social.
“Para a criança, ela vai começar a evitar as relações sociais. Então ele vai evitar, no recreio, estar com seus colegas, vai ficar mais retraído, mais tímido, mais solitário, triste. E, para o adulto, um adulto inseguro, com baixa autoestima”, detalhou.
A especialista afirmou que o melhor caminho para enfrentar o bullying envolve tanto as famílias quanto as escolas. “A melhor forma de enfrentamento está no diálogo, na conscientização, nas rodas de conversas, principalmente que devem acontecer, sim, no ambiente escolar”.
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O que diz a Secretaria da Educação?
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que repudia todo e qualquer ato de discriminação e agressão e desenvolve atividades para prevenir e acabar com os conflitos.
Disse, ainda, que investe na capacitação e formação dos professores para que possam trabalhar temas socioemocionais com os alunos, e mantém mais de 660 profissionais no programa Psicólogos nas Escolas.
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